segunda-feira, 5 de março de 2007

Ameaçada por bandidos.

Aquele menininho foi o único aluno de Inderjit por um longo tempo. Todos os dias, muitos passageiros adultos perguntavam o que Inderjit estava fazendo. Alguns eram gentis, mas outros ficavam desconfiados e bravos. Algumas pessoas achavam que ela era uma missionária que queria converter as crianças ao cristianismo. Quando Inderjit dizia que desejava apenas dar uma educação às crianças, quase ninguém acreditava. Tinha que haver algo errado por trás daquilo. A polícia e os funcionários da ferroviária tentaram tirá-la de lá, e ela foi ameaçada por bandidos e traficantes. Às vezes, pais com raiva chegavam gritando e diziam que Inderjit impedia seus filhos de trabalharem. – Seus filhos têm o direito de ir à escola, dizia Inderjit. Se eles aprenderem a ler e a escrever, será bom para toda a família. Apesar de estar exausta e as vezes assustada, Inderjit não desistiu. Ela cantava, contava estórias e brincava com letras e números. A fama da escola de plataforma se espalhou. Depois de alguns meses, havia mais de 100 crianças na escola de plataforma de Inderjit! 4.500 crianças beneficiadas Desde então, a organização Ruchika de Inderjit cresceu muito. Hoje, eles atendem 4.500 crianças todos os anos, em escolas e projetos em estações ferroviárias e em favelas. A Ruchika administra desde creches a escolas profissionalizantes e programas sobre o HIV/AIDS. – No início foi muito difícil, lembra Inderjit. Agora temos mais apoio de políticos locais e da empresa ferroviária. Também aprendi muito nesses anos. Por exemplo, que as crianças estão tão desnutridas e fracas que precisamos lhes dar alimento e tratamento de saúde. Caso contrário, elas não têm energia para estudar. Inderjit quer oferecer ao maior número de crianças possível uma educação básica. Isso não significa apenas ser capaz de ler, mas também aprender sobre os direitos da criança. – Quero que as crianças saibam que realmente têm valor. E temos que chegar até elas cedo, antes que a situação delas esteja tão ruim, que não será mais possível resgatá-las.

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