segunda-feira, 5 de março de 2007

Bijay estuda na plataforma.

O apito do trem é tão alto que Bijay precisa tapar os ouvidos. Quando o trem deixa a estação, ele corre para a escola de plataforma, para a primeira aula do dia. Bijay trabalha como engraxate na principal estação ferroviária de Bhubaneswar. O dia todo ele aborda passageiros com sapatos empoeirados e sujos nas plataformas e nos vagões dos trens. Todos os engraxates da estação têm um acordo de nunca aceitar menos de R$0,30 pela engraxadela. Ele tem que ganhar o máximo possível num curto espaço de tempo. Senão, a mãe o obriga a deixar a escola. Escreve no concreto Quando Bijay chega à escola de plataforma, muitas crianças já estão reunidas. Os professores mostram figuras que eles mesmos desenharam e as crianças advinham as palavras e praticam ortografia. Bijay pratica escrevendo letras em seu quadro. – “Está muito bonito, Bijay', elogia o professor. Nesta classe não há nem carteiras escolares e nem quadro negro. As crianças se sentam no chão. Às vezes elas e seus professores escrevem direto no concreto da plataforma com giz. No entanto, Bijay, que foi à escola por muitos anos, gosta e consegue aprender muito nesse tempo curto. O que ele mais gosta é quando a classe pode cantar, dançar e brincar. O dia de aula termina com uma refeição simples. Para algumas das crianças, essa é a única alimentação do dia. Depois da escola, Bijay consegue atender mais alguns clientes antes de correr pra casa e ajudar a avó com o almoço. Ele mora em uma favela, bem perto da estação. Quase todos os homens que moram ali trabalham com couro. Eles fabricam, consertam e engraxam sapatos. O pai de Bijay também fazia isso, antes de beber até a morte.

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